Diversidade na Cozinha | Turma aprende técnicas de preparo de drinks e empreendedorismo

Os trabalhos do projeto do Ministério Público do Trabalho (MPT) Diversidade na Cozinha chegaram ao 9º módulo, na última terça-feira (12), com aula sobre preparação de drinks ministrada pela facilitadora Chris Nunes. A turma de 24 pessoas LGBT está cursando a formação em auxiliar de cozinha desde o mês de fevereiro. O projeto, de iniciativa do MPT em parceria com a organização não governamental Gestos, conta ainda com apoio da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). O Instituto Shopping Center Recife e da Faculdade Senac também têm colaborado com o projeto, oferencendo espaços para as atividades.

Técnicas de mixologia, combinações de sabores e noções sobre a atual tendência dos coquetéis sem álcool foram alguns dos conhecimentos transmitidos à turma pela facilitadora Chris Nunes. Além disso, ela produziu, juntamente com a turma, os 19 coquetéis mais comerciáveis, segundo as tendências atuais do mercado da gastronomia. “Achei importante que esse módulo do curso preparasse as pessoas tanto para serem contratadas no mercado de bares e restaurantes, como para empreenderem por conta própria, criando negócios e ideias rentáveis com drinks.

Os próximos módulos da capacitação incluem ainda temas como petiscaria, culinária regional, geleias caseiras e empreendedorismo. Os conhecimentos assimilados no curso serão aplicados em evento de encerramento em que os alunos vão cozinhar e produzir os drinks de uma roda de boteco. A entrega dos certificados será realizada na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE), e a cerimônia de encerramento será realizada na casa de Alceu Valença, ambas no mês de abril.

 

Inclusão no mercado de trabalho
No mês passado, o Ministério Público do Trabalho recebeu em audiência coletiva representantes de 70 empresas do setor da gastronomia do Grande Recife. A procura do Trabalho Débora Tito e o Chef Robson Lustosa, um dos facilitadores do projeto, apresentaram ao setor os aspectos técnicos da formação que os novos profissionais estão recebendo e recomendaram postura de inclusão e oportunidade.

 

Diversidade na Cozinha
Capacitar pessoas LGBT inicialmente em condições de vulnerabilidade social tem sido o foco do programa Diversidade na Cozinha, viabilizado pelo MPT em parceria com a Gestos, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) e do Instituto Shopping Recife. A ideia é que, finda a capacitação, os alunos consigam acesso ao mercado de trabalho local desde uma posição livre de precariedade ou de cenários de exploração.

A capacitação inclui aulas sobre diversos conteúdos importantes à atuação do auxiliar de cozinha, juntamente com noções de empreendedorismo, o que deixa ao aluno ainda a opção de construir um negócio em livre iniciativa. Os temas da formação incluem os cortes clássicos, segurança alimentar e vigilância sanitária, preparo de aves, pescados, drinks, carnes e da culinária regional. As classes estão sendo ministradas por reconhecidos profissionais da gastronomia local, como a nutricionista Cibele Cavalcante e os chefs Adriano Oliveira, Anna Corinna (Douce et Chocolat), Carmen Virgínia (Altar), César Santos (Oficina do Sabor), Cláudia Luna (Seu Luna), Cláudio Manoel (Bistrot La Comédie), Cris Nunes (Faculdade Senac), Edmilson Barman, Flávia Mindêlo (La Comédie), Leandro Ricardo (Chef Consultor), Miau Caldas (Chef Consultora), Robson Lustosa (Faculdade Senac), Vinícius Arruda (O Mundo Lá de Casa), Yuri Machado (Cá-Já) e Zenaide Maria (canal Zena Comida Funcional).

Já as aulas de empreendedorismo estão sob responsabilidade da empresa Jackeline Santana Contadores, juntamente com Miau Caldas e Vinicius Hernandes. Os encontros são no Instituto Shopping Center Recife, um dos parceiros do projeto. Todo o processo de formação passa, ainda, pela consultoria gastronômica dos chefs Cláudio Manoel, Flávia Mindêlo e Robson Lustosa.

O grupo de trabalho responsável pela gestão do projeto no MPT conta com, além de Gabriela Maciel e Vanessa Patriota, as também procuradoras Débora Tito e Melícia Carvalho Mesel. Os recursos utilizados na iniciativa decorrem da reversão de multas por violação de direitos trabalhistas verificadas na atuação do MPT em Pernambuco.

 

Facilitadora Chris Nunes destacou a importância de ensinar a fazer e a empreender
Facilitadora Chris Nunes destacou a importância de ensinar a fazer e a empreender

 

Dados
Entre 2008 e 2016, foram assassinadas 938 pessoas trans no país. Este número é superior ao somatório crimes de mesma natureza ocorridos na Europa, Ásia, África, Oceania e América do Norte. No ano de 2018, 420 LGBT+ foram assassinados no Brasil. Pernambuco registrou 15 desses assassinatos, ocupando o 21º lugar na lista nacional, segundo dados coletados pelo Grupo Gay da Bahia (GGB). Os recursos utilizados no projeto decorrem da reversão de multas por violação de direitos trabalhistas verificadas na atuação do MPT em Pernambuco.

A situação da empregabilidade trans no Brasil ainda é preocupante. Segundo o Relatório da violência homofóbica no Brasil, publicado pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH) em 2018, o preconceito de que o grupo normalmente é vítima é tipo como o principal responsável pelos elevados índices de prostituição entre transexuais: são 90% das pessoas trans, de acordo com estimativa feita pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), que acabam por recorrer à prostituição, ao menos uma vez na vida, como única opção de sobrevivência imediata. (Procedimento Promocional: 2236.2018).

 

Turma segue nas atividades da capacitação até o começo de abril
Turma segue nas atividades da capacitação até o começo de abril